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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pra você Lembrar De mim ♥

Digo que vou dormir, não consigo. Lembro da conversa de dois minutos atrás. Relembro o diálogo que quase criei em minha mente, que evitei falar. E então fico rindo, enquanto você pensa que diz tolices, engulo minhas babaquices de amor. Fico segurando, lutando pra não soltar nenhuma muito grande, exagerada. Desligo o telefone, corro pra primeira folha que encontro pela frente, vomito as palavras em cima do papel.

Fico por horas escrevendo, como se eu me perdesse em um dia muito longo com você, igual ás nossas constantes conversas que levam horas. Você sempre fica calada em minha cabeça, inverto os costumes, dessa vez sou eu quem falo, e digo verdades demais, esperanças demais, promessas as quais eu queria muito conseguir cumprir. E elas não acontecem por que simplesmente sequer existem, não saem da minha cabeça, no máximo escorrem da caneta.


Me desculpe, eu sei, não preciso que jogue isso um dia nas minhas costas, sim, nas costas, na cara não, não imagino você sendo assim tão bruta, e se fosse minutos depois me pediria perdão, ofereceria alguns beijos acompanhados talvez de chá, melhor se fosse capuccino, mas eu aceitaria toda feliz até água quente de você.


Tento compreender qual foi o momento em que eu disse pra você ir embora, porque me desculpe, mas não consigo lembrar disso. Só tenho em minha cabeça os poemas que te escrevi, não que você os tenha lido, não que fosse necessário mostrar algum, não, eles ficam mais sinceros apenas salvos no meu rascunho do celular.


Então torço para que me roubem o celular, que levem esses poemas e junto o seu número. Que essa dor passe para quem quiser se interessar em sofrer esses desajustes sentimentais. É, são desajustes, eu me forço a assumir isso, a aceitar, tenho que pensar que são problemas, que por me fazerem sentir insegura não são nada legais pra minha vida, pro meu desenvolvimento físico e mental.


Mas então me manda uma mensagem, bastante vaga, às vezes apenas dizendo que nela nem existe um conteúdo ao certo, algo a se dizer de profundo, apenas um pedido, que eu não me esqueça de você. Eu sorrio, te ligo, escrevo enquanto escuto sua voz, não que eu não preste atenção em nossas conversas, por favor, não pense assim, não comece com o seu pessimismo, fico escrevendo o que ainda não falo, por enquanto, amanhã talvez eu diga, quem sabe.


Tudo o que nego, não esqueço, está em meu caderno, o chamo de sétimo céu, idiota, infantil, entretanto você está por completo ali, não é um moleskine burguês como o seu, composto por metáforas sobre gatos em gavetas, mas lembra um tilibra, pequenininho com bastante amor, porém sem capa devo confessar.


Fonte:  http://ramysytavares.blogspot.com/2011/07/digo-que-vou-dormir-nao-consigo.html?showComment=1311958888361#c6992921956461150611

(terça-feira, 19 de julho de 2011)

terça-feira, 26 de julho de 2011

OS ANOS ENSINAM COISAS QUE OS DIAS NUNCA SABEM

A Insustentável Leveza do Ser


"Ajoelhado à sua cabeceira ocorrera-lhe a idéia de que ela viera para ele numa cesta sobre as águas. Já disse que as metáforas são perigosas. O amor começa por uma metáfora. Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética."

(Milan Kundera, "A insustentável leveza do ser")



Mário Quintana:


"Somos donos de nossos atos, mas não somos donos de nossos sentimentos... Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos... Podemos prometer atos, não podemos prometer sentimentos... Atos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo".

...

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

(Mário Quintana)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Amigo


 
Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (
recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos
?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!
(Alexandre O'Neill)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

...

Porque eu me imaginava mais forte. 
Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. 
Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. 
Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. 
É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. 
E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. 
É porque sempre tento chegar pelo meu modo. 
É porque ainda não sei ceder. 
É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. 
É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. 
É também porque eu me ofendo à toa. 
É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. 
É porque sou muito possessiva e então me foi perguntado com alguma ironia se eu também queria o rato para mim.
Clarice Lispector

Classificando os Sentimentos

Outro sinal de se estar em caminho certo é o de não ficar aflita por não entender; a atitude deve ser: não se perde por esperar, não se perde por não entender.
Então comecei uma listinha de sentimentos dos quais não sei o nome. Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto - como se chama o que sinto? A saudade que se tem de pessoa de quem a gente não gosta mais, essa mágoa e esse rancor - como se chama? Estar ocupada - e de repente parar por ter sido tomada por uma súbita desocupação desanuviadora e beata, como se uma luz de milagre tivesse entrado na sala: como se chama o que se sentiu?

domingo, 3 de julho de 2011

Escrever é esquecer.


A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm.
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa.
Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa

... Desvairado

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.


Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.


Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.